quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O fim de uma história Pt1




Estava prestes a desistir de caminhar, minhas pernas já não aguentavam mais e sentia uma imensa dor... Algo já estava familiarizado. A dor, aquela dor dentro do peito... Gerada pelas lembranças que se tornaram minha tormenta e por várias vezes motivos de meus “sacrifícios”.
Observando tudo o que construí ruir em minha frente com uma facilidade, como se tudo fosse feito de areia prestes a cair.
Me vi caminhar enquanto meus sonhos ruíam logo através de mim e nada pude fazer a não ser observar tudo que ralei para manter de pé, apenas desmoronar frente a meus olhos cansados.
Pus-me a caminhar até a entrada daquela caverna que por anos davam-me acesso ao meu lugar de paz, mas que tinha prometido a mim mesmo que não retornaria a velha cabana em meio a floresta que vivi (existi) durante anos. Disse que não voltaria, mas preciso me livrar de coisas que por lá ficaram paradas por tanto tempo.
Tiro minhas roupas e as deixo próximo a entrada daquele pântano que por anos visitava apenas para me purificar... Renovar energias e recuperar lembranças que por hora ou outra as deixava por lá mesmo.
Com as mãos toco aquela agua suja e fétida, faço minhas preces ao meu guardião. Aquele que por muito tempo deixei de ouvir suas palavras. Esperando que ele possa atender o meu chamado.

*Molhando meu rosto com a agua suja do pântano, começo a minha prece*
: Venha a mim meu grande amigo e protetor, preciso de você agora mais do que nunca.
*Dentro do pântano, consigo observar aqueles olhos felinos grandes ao me observar. Algo está mudado... Algo está errado. A voz ressoa dentro de minha cabeça*
?: Como ousa voltar aqui após tudo o que você fez?
: Preciso reparar meus erros, velho amigo... Preciso de você.
?: NÃÃÃÃOOOO!!!! (Com um rugido ameaçador e olhando fixamente para dentro de minh’alma e com as presas a de fora). Você não é digno de retornar. Você nos abandonou e agora viramos as costas p/ ti também.

Afundando no pântano das lamurias me senti um completo idiota, mas não voltei lá atoa.

*Peço a benção dos meus antepassados, rogo pela proteção da grande Mãe e por mais uma vez rogo aos anciões dos Loas que me deixem entrar por mais uma vez no local em que eu não deveria ser digno a retornar, mas tenho que tentar. *

Ao entrar no pântano a mistura de sentimentos e sensações embaralham a minha mente. As algas me prendem e por tempo suficiente ao ponto de perder meus sentidos. Sinto a dor e a culpa misturadas ao medo e começam a me corromper. Sinto a enorme vontade de me entregar. Como espinhos e estacas perfurassem todo meu corpo e quando estava prestes a desistir sinto as presas do meu antigo amigo sendo cravadas em meu ombro e a dor é maior do que eu imaginava.
O ódio posto naquela investida sobre meu corpo me fizera soltar meu rugido de dor e o resto de ar que me sobrava, acabará de soltar meu último suspiro. Meus olhos se fecharam e sinto a dor das presas de meu velho amigo cravadas em meu ombro enquanto ele repetia para mim “VOCÊ NÃO É DIGNO DE ESTAR AQUI”. Por alguns minutos vejo meu sangue se misturar com a agua impura do pântano e em um momento de desespero tento minha ultima cartada.
Arqueio minhas costas e dou um grito de dor (minha transformação nunca fora algo muito agradável e sim dolorosa). Sinto meus músculos se esticarem, a pele soltando e tudo se modificando. A troca de forma nunca fora algo simples, requer atenção, concentração e o mais importante. Senso de perigo. Minha metamorfose está completa, a Licantropia que veio como por várias vezes uma benção de familia, assim como também por vezes se tornavam a minha maldição.
Me transformo em lobo e mordo com toda a força que me resta o ombro do meu guardião e digo em sua mente.

: Não estou pronto para me entregar. Seja por você ou o que for. Se tiver que morrer aqui, que seja pelas presas daquele que em outrera fora meu melhor amigo. Me perdoe, mas não cheguei tão longe para desistir.

Investindo contra meu melhor amigo com toda força que me restava, mirando em seu pescoço e dei a ultima dentada. Quando estive próximo ao meu querido amigo, cheguei bem perto a sua face gigante . Aquele tigre branco nunca mais foi o mesmo após isso.

*Com uma gentil labida em seu focinho lhe agradeci*
: Obrigado por sempre cuidar de mim. Nunca fui um bom amigo, mas obrigado por cuidar de mim como um irmão.

Neste momento soltei meu guardião e me deixei afundar.

Ao recobrar a consciencia, lá estava ele. Eu deitado em seu peito de frente para aquela cabana abandonada. Do mesmo jeito que a deixei. Olho para o meu amigo com as feridas que causei a ele. Ele me observa e diz em poucas palavras.

?: Bem vindo a sua morada.

E assim ambos pegamos no sono.


Fim da Pt1

03/09/2015

Wendigo Wolf


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