Uma parte do que eu sou, e outra parte do que fui. Nada que não possa ser entendido com poucas palavras.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Vagante vadio
O Vagante vadio.
Em devaneios estas quatro patas em direção ao relento, sobre a relva que abrande a terra, assim como as gotas d’agua esfarelam em minha face. Sinto como se o vento fosse meu melhor amigo e o tempo o meu maior pesadelo, mas ainda assim continuo a vagar. Deixando rastos pelos campos donde ei-de se apagar com o presságio de que algo pode ou não mudar.
Sempre com a cabeça erguida, esperando o novo pôr do sol como se não houvesse um próximo por vir. Sempre com o focinho ao vento como se fosse o único a sentir aquilo que trespassa por mim, sentindo apena uma leve brisa tocar uma face que não co(existe), dentro de algo como se fosse um mero casulo. Aquele do qual se desfarela ao singelo tocar, da mais simples caricia e se perde como se não fosse feito para receber o mesmo, mas mantenho aquele mesmo sorriso que um dia me fora roubado. Aquele mesmo sorriso que antes era real. (Será que sou real?) Não sei responder, não sei o que dizer, mas me sinto à deriva, me sinto como se não houvesse um “lar para retornar” como se não encontrasse o meu local de conforto e segurança.
Por caminhos contei minha história e dela fiz estórias para aqueles com a alma tão despedaçada quanto eu achava que a possuía. Aqueles com as suas próprias feridas e que nelas não a deixa cicatrizar (não quer esquecer o motivo pela qual as tem) e se fere a cada vez que relembra algo, e realmente deseja manter aquela lembrança tão junta a si, que esquece o que realmente importa. *(o que realmente importa?) Aquilo que não se deve esquecer. Aquele caminho, aquela caverna e aquele ponto de segurança que não se encontra entre seus braços, ou que não se encontra dentro de lugar nem um, e você se encontra em total isolamento e pede por uma luz, más ao simples fagulhar de algo, afasta-te por medo do que aquilo pode acarretar. Com medo do que aquilo pode-lhe causar e afasta-te por medo. Um simples medo de colocar o pé na estrada novamente e seguir rumo ao desconhecido. Ai vem a ponta da forca.
Aquelas navalhas estão mais agradáveis hoje? Aquela velha coleira de cachorro que um dia pusera no pescoço e tornaste domável. Ser incontrolável por si só. Apenas aceitando ordens alheias como bicho de estimação.
Nós lobos nascemos livres, mas somos caçados desde o nosso nascimento e nosso maior medo não está no caçador, e sim saber que podemos nos tornar pior do que aqueles que nos caçam. Somos nosso pior medo e pesadelo. Sabemos que um dia iremos envelhecer, perder aquela matilha que seguiu o mesmo caminho. Perder aqueles que defendemos com toda a nossa força e fúria mescladas por um bem que achávamos ser coerentes, mas no final era apenas o nosso instinto. O instinto de sobrevivência e proteção que juramos fazer assim ao nascer. Proteger aqueles que são de grande valia para nós, mas no final essa proteção, essa promessa não vale para nós mesmos. Juramos proteger o próximo, mas nessa jura mesmo envolvendo a nossa vida, esquecemos de jurar nos proteger até o final. Então, este lobo velho está disposto a proteger todos aqueles que me importo, mas sem querer pedir nada para ninguém. Espero que um dia após todas as minhas batalhas, alguém um dia possa me proteger também.
E assim o lobo levantou o focinho ao vento, sentiu o cheiro da chuva em sua face e deitou-se em um canto qualquer. Resmungando coisas que não se pode entender no momento, mas por um singelo momento o lobo sorriu. E por um longo momento aquele lobo chorou. Uivou com toda sua força e caiu no sono em meio a lugar nem um.
Dentro de mim e um pouco de tudo e nada ao mesmo tempo.
Wendigo Wolf
13/02/2016
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